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DuoStim

Na fertilização in vitro (FIV), realiza-se a técnica de estimulação ovariana objetivando o múltiplo desenvolvimento de folículos — unidades funcionais dos ovários, responsáveis pelo armazenamento dos óvulos.

Quanto mais folículos desenvolvidos, maiores são as chances de obter ovócitos maduros e, por consequência, gerar um bom número de embriões com qualidade. Nesse contexto, um novo protocolo tem sido aplicado: o DuoStim.

Vale, primeiramente, explicar que mesmo conseguindo vários óvulos com a estimulação ovariana, nem todos apresentam a qualidade necessária para formar um embrião saudável. Além disso, não são todos os embriões que se desenvolvem como o esperado durante o processo de divisão celular.

Contudo, algumas mulheres não respondem de forma favorável à estimulação ovariana e não conseguem obter um número adequado de oócitos viáveis para técnicas  de reprodução assistida ou simplesmente precisam acelerar o processo.

Diante de casos assim, temos duas opções: fazer mais de um procedimento de estimulação ovariana, em diferentes ciclos menstruais, até acumular um número suficiente de óvulos ou embriões; realizar o DuoStim, que consiste em estimular o amadurecimento dos folículos duas vezes em um mesmo ciclo: uma na fase folicular e a outra na fase lútea.

É oportuno recordar que um ciclo menstrual regular dura em torno de 28 dias e é dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea. A fase folicular começa com a menstruação e dura até a metade do ciclo, quando a ovulação acontece. Após liberação do óvulo, o folículo que o continha se transforma em corpo lúteo e começa a preparar o útero para receber um possível embrião.

Há vários hormônios envolvidos em todo esse processo, como o folículo-estimulante (FSH), o luteinizante (LH), estradiol e progesterona. Na estimulação ovariana convencional, assim como no protocolo DuoStim, essas substâncias são administradas em forma sintética para garantir o desenvolvimento e a maturação de mais óvulos que no ciclo natural.

Para quais situações o DuoStim é indicado?

O DuoStim, apesar de ser um método promissor nos tratamentos de reprodução assistida, não é indicado para todas as pacientes. As aplicações clínicas desse protocolo ficam reservadas às mulheres com mau prognóstico em relação aos resultados da estimulação ovariana simples.

Inicialmente, o DuoStim foi prescrito às pacientes que precisavam ser submetidas a tratamentos de câncer. Nesses casos, o tempo representa uma questão crítica e a rapidez na maturação e na coleta de um grande número de óvulos tornou-se viável por meio dessa técnica.

Nos tratamentos atuais de reprodução assistida, o DuoStim é indicado nas seguintes situações:

  • pacientes oncológicas;
  • déficit acentuado da reserva ovariana;
  • má resposta em procedimentos anteriores de estímulo ovariano.

Os testes para avaliação da reserva ovariana são instrumentos-chave para identificar a quantidade de ovócitos armazenados e estimar o número que poderá ser coletado após a estimulação. Os testes incluem contagem de folículos antrais por meio de ultrassonografia, dosagem dos níveis basais de FSH e estradiol, bem como avaliação do hormônio antimülleriano.

O DuoStim apresenta o benefício de aumentar o número de óvulos disponíveis para a etapa de fertilização — o que significa reduzir o tempo para alcançar o objetivo da gravidez. Contudo, a indicação deve ser individualizada e bem discutida com a paciente.

Como o DuoStim é realizado?

O DuoStim começa nos primeiros dias do ciclo menstrual, seguindo os mesmos procedimentos da estimulação ovariana convencional. A medicação administrada pode variar conforme a prática clínica do profissional, embora antiestrogênicos como citrato de clomifeno e letrozole, combinados com baixas dosagens de gonadotrofinas, sejam normalmente utilizados.

O clomifeno tem a ação de bloquear os receptores de estradiol, enquanto o letrozole inibe a produção desse hormônio. Dessa forma, temos um aumento do FSH endógeno, o que favorece o desenvolvimento dos folículos ovarianos.

O trigger (gatilho ou disparo da ovulação) é feito com agonista do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), que leva à maturação final dos primeiros oócitos a serem coletados. Depois disso, a punção dos óvulos é realizada e, entre 2 e 5 dias após a primeira coleta, começa o segundo estímulo ovariano.

Portanto, a segunda parte da dupla estimulação ovariana é realizada na fase pós-ovulatória do mesmo ciclo, isto é, na fase lútea. Os folículos antrais existentes durante esse período permitem uma resposta dos ovários aos medicamentos hormonais. Assim, a segunda punção pode recuperar os ovócitos que não amadureceram com o primeiro estímulo.

Todos os embriões gerados são congelados para serem transferidos em um ciclo posterior. Antes do descongelamento e da transferência, a paciente passa por preparação endometrial, o que é feito com progestagênios que melhoram a receptividade do útero.

A estimulação ovariana com o método DuoStim possibilita a formação de mais óvulos em um só ciclo de tratamento. Como resultado, temos: uma quantidade maior de oócitos viáveis para fertilização; redução no tempo de espera entre um ciclo e outro; e, muito possivelmente, mais embriões de qualidade para tentar a implantação.