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Doação de embriões

A fertilização in vitro (FIV) passou por muitos avanços desde o nascimento do primeiro bebê humano por FIV na década de 70. Desde então, várias técnicas de apoio passaram a integrar o tratamento de reprodução, com base em uma avaliação individualizada das limitações de cada casal. Nesse contexto, a doação de embriões tem importante papel e pode mudar a vida de quem não consegue ter filhos.

Assim como a doação de embriões, a utilização de óvulos e sêmen de doadores anônimos pode ser a solução para casais que enfrentam dificuldades para gerar um descendente com as próprias células reprodutivas. Quando a opção é pelos embriões já formados, o tratamento é mais simples, visto que podemos passar para a etapa final da FIV, que é a transferência embrionária para o útero.

Mesmo que o filho não receba o conteúdo genético dos pais, a doação de embriões permite a experiência da gestação e o casal tem a oportunidade de criar o vínculo afetivo com a criança desde sua vida intrauterina.

Além de ajudar pessoas que não conseguem a reprodução com os próprios gametas, a doação é uma forma de salvar os embriões humanos excedentes que poderiam ser descartados após alguns anos.

Em quais situações a doação de embriões é indicada?

Existe uma gama extensa de condições que podem provocar infertilidade feminina e masculina. Muitos desses casos são superados com tratamentos médicos específicos, incluindo intervenções medicamentosas e cirúrgicas, enquanto outros são solucionados com técnicas da reprodução assistida.

A doação de embriões é uma alternativa nas seguintes situações:

Idade materna avançada

Com as mudanças no papel da mulher na sociedade, o que envolve mais autonomia e oportunidades profissionais e acadêmicas, notamos que o adiamento da maternidade é um fenômeno crescente. Contudo, as limitações biológicas são inevitáveis com o passar dos anos e isso leva a um declínio natural da fertilidade feminina após os 35 anos.

Sendo assim, pacientes com idade mais avançada que procuram a reprodução assistida podem optar pela doação de embriões ou de óvulos, caso apresentem comprometimento na quantidade e/ou na qualidade de seus gametas.

Alterações masculinas graves

Boa parte dos casais apresenta infertilidade por fatores masculinos. O espermograma é o exame necessário para identificar alterações espermáticas. Quando a análise revela ausência de espermatozoides no sêmen (azoospermia) ou número escasso de gametas com boa morfologia e motilidade, é possível recuperar as células reprodutivas diretamente dos testículos e epidídimos com técnicas microcirúrgicas.

No entanto, nem sempre se obtém um número adequado de espermatozoides viáveis para o processo de fertilização. Nesses casos, os pacientes também podem optar pela doação de embriões ou de sêmen.

Baixa qualidade dos embriões e falhas repetidas em ciclos de FIV

Algumas condições clínicas ou o próprio avanço da idade podem reduzir a qualidade dos gametas e, por consequência, levar à formação de embriões frágeis, que não resistem até a etapa final da FIV. Dessa forma, temos um número reduzido de embriões para transferir para o útero.

A baixa qualidade dos embriões ainda pode ocasionar falhas repetidas nas tentativas de implantação, o que nos leva à doação de embriões ou gametas para aumentar as chances de sucesso no tratamento. A mesma indicação é feita em casos de infertilidade sem causa aparente (ISCA) que não foram bem-sucedidos em ciclos anteriores.

Problemas de ordem genética

O casal pode ser impossibilitado de utilizar seus próprios embriões devido ao risco elevado de um deles transmitir síndromes genéticas para os filhos. Além disso, há situações em que o homem e a mulher apresentam incompatibilidade sanguínea ou probabilidade de passar para o feto uma doença autossômica recessiva que os dois tenham em comum.

O avanço tecnológico e científico propiciou o desenvolvimento de técnicas como o teste genético pré-implantacional (PGT), por meio do qual é possível analisar os genes e cromossomos dos embriões antes que eles sejam colocados no útero materno. Contudo, nem sempre é possível recuperar um número suficiente de embriões saudáveis para tentar a implantação.

Reprodução de casais homoafetivos ou pessoas solteiras

Casais homoafetivos femininos e masculinos, assim como mulheres e homens que desejam ter filhos de forma independente, podem se valer da doação de embriões, tanto quanto de óvulos e sêmen, para realizar o tratamento de reprodução.

No caso dos pacientes masculinos, ainda é necessário contar com outra técnica da medicina reprodutiva: a cessão temporária de útero, também chamada de útero de substituição ou mais conhecida como barriga de aluguel.

Como é o tratamento com doação de embriões?

Os casais que tentam engravidar por meio da FIV normalmente passam por uma sequência de etapas antes que a mulher receba os embriões, isso inclui: estimulação ovariana; punção dos óvulos e preparo seminal; fertilização dos óvulos; cultivo embrionário e transferência dos embriões para o útero.

Quando esse processo termina, é comum haver embriões excedentes, os quais são criopreservados até que o casal decida tentar uma nova gravidez. Os pacientes podem manter seus embriões congelados por um período determinado, doá-los para ajudar na construção de outras famílias ou autorizar o descarte. Se dentro do período de três anos não houver nenhuma manifestação por parte do casal, o material pode ser descartado. Destacamos, no entanto, que nosso laboratório não realiza o descarte de embriões.

Por sua vez, os receptores não precisam passar por todas as etapas da FIV. A mulher deve fazer exames a fim de constatar suas condições uterinas para levar a gravidez a termo. Além disso, realiza-se o preparo endometrial à base de medicamentos para tornar o útero mais receptivo e propício para a implantação de um embrião. Com isso, a transferência é realizada.

O que normas do CFM dizem sobre a doação de embriões?

As normas éticas do Conselho Federal de Medicina orientam as diversas práticas da reprodução assistida. Em relação à doação de embriões, podemos sublinhar as seguintes regras:

  • A doação não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.
  • Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa, exceto na doação de gametas para parentesco de até 4º (quarto) grau, de um dos receptores (primeiro grau – pais/filhos; segundo grau – avós/irmãos; terceiro grau – tios/sobrinhos; quarto grau – primos), desde que não incorra em consanguinidade.
  • A idade limite para a doação de gametas é de 37 (trinta e sete) anos para a mulher e de 45 (quarenta e cinco) anos para o homem.
  • Exceções ao limite da idade feminina poderão ser aceitas nos casos de doação de oócitos e embriões previamente congelados, desde que a receptora/receptores seja(m) devidamente esclarecida(os) dos riscos que envolvem a prole.
  • Será mantido, obrigatoriamente, sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e embriões, bem como dos receptores, com ressalva do item 2 do Capítulo IV. Em situações especiais, informações sobre os doadores, por motivação médica, podem ser fornecidas exclusivamente para os médicos, resguardando a identidade civil do(a) doador(a).
  • As clínicas, centros ou serviços onde são feitas as doações devem manter, de forma permanente, um registro com dados clínicos de caráter geral, características fenotípicas e uma amostra de material celular dos doadores, de acordo com a legislação vigente.
  • Na região de localização da unidade, o registro dos nascimentos evitará que um(a) doador(a) tenha produzido mais de dois nascimentos de crianças de sexos diferentes em uma área de 1 milhão de habitantes. Um(a) mesmo(a) doador(a) poderá contribuir com quantas gestações forem desejadas, desde que em uma mesma família receptora.
  • Não será permitido aos médicos, funcionários e demais integrantes da equipe multidisciplinar das clínicas, unidades ou serviços participar como doadores nos programas de RA.
  • É permitida a doação voluntária de gametas, bem como a situação identificada como doação compartilhada de oócitos em RA, em que doadora e receptora compartilham tanto do material biológico quanto dos custos financeiros que envolvem o procedimento de RA.
  • A escolha das doadoras de oócitos, nos casos de doação compartilhada, é de responsabilidade do médico assistente. Dentro do possível, deverá selecionar a doadora que tenha a maior semelhança fenotípica com a receptora, com a anuência desta.
  • A responsabilidade pela seleção dos doadores é exclusiva dos usuários quando da utilização
  • de banco de gametas ou embriões.
  • Na eventualidade de embriões formados de doadores distintos, a transferência embrionária deverá ser realizada com embriões de uma única origem para a segurança da prole e rastreabilidade.

Com a doação de embriões, é possível ajudar na construção de outras famílias que lidam com limitações para gerar um filho com o próprio conteúdo genético. Assim, muitos casais inférteis podem vivenciar a experiência de uma gravidez e acompanhar seu filho crescer desde os primeiros dias de desenvolvimento embrionário.