A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o casal infértil como aquele que, mesmo sexualmente ativo e em idade reprodutiva, não consegue chegar à gestação após 12 meses de tentativas.
A OMS aponta, ainda, a proporção de casos de infertilidade feminina como ligeiramente menor quando comparada à masculina, e que essas condições podem ser derivadas de alterações genéticas, mas também de doenças adquiridas ao longo da vida.
Continue a leitura do texto e entenda melhor como a função reprodutiva de mulheres e homens pode ser afetada, levando a um quadro de infertilidade.
Boa leitura!
A espermatogênese é o processo pelo qual os espermatozoides se desenvolvem, estimulados principalmente pela testosterona endógena e em uma temperatura mais baixa do que a média corporal, na parede dos túbulos seminíferos. Embora a cauda – e a capacidade de motilidade espermática – só seja formada nos epidídimos, a espermatogênese inclui também este processo.
As falhas na espermatogênese podem, de forma geral, ser resultado de alterações na produção de testosterona, como acontece nos casos de hipogonadismo – de origem genética e adquirida –, ou alterações no ambiente testicular, como na varicocele.
A varicocele é uma doença genética em que as válvulas dos vasos, que garantem o retorno venoso do cordão espermático, localizado nos testículos, apresentam defeitos que dificultam a manutenção do fluxo unidirecional do sangue, levando à formação de veias varicosas.
Essas alterações provocam um aumento na temperatura interna dos testículos, que prejudica a formação dos espermatozoides, além de outros sintomas, como aumento do volume testicular e a sensação de dor e peso. Dependendo do grau da varicocele, a doença pode provocar azoospermia não obstrutiva.
Outros parâmetros seminais podem mostrar-se alterados quando, embora a produção de células reprodutivas se mostre ativa, elas não dispõem de total capacidade para chegar à fecundação. As principais alterações seminais são:
Em alguns casos de infertilidade a azoospermia não está envolvida com alterações na produção espermática, mas os espermatozoides podem não integrar o sêmen devido a obstruções no trajeto percorrido por essas células durante a ejaculação – compondo um quadro de azoospermia obstrutiva.
Essas obstruções normalmente estão localizadas nos epidídimos, ducto deferente ou na própria uretra e podem ter um caráter temporário, derivado de infecções ativas – que alteram o ambiente químico e celular dos locais parasitados –, normalmente causadas por ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), especialmente clamídia e gonorreia.
Dentre as principais infecções do trato urogenital masculino que podem afetar a fertilidade provocando azoospermia obstrutiva, podemos destacar:
Em alguns casos, especialmente quando há demora em buscar atendimento médico, as estruturas em que a infecção estava localizada podem apresentar cicatrizes mesmo após o tratamento, em forma de obstruções permanentes.
Os ovários são as glândulas sexuais femininas, que interagem com o sistema endócrino para a produção de estrogênios e progesterona, além de armazenar as células reprodutivas femininas e sediar a ovulação.
Com exceção das condições genéticas envolvidas na FOP (falência ovariana prematura) e na menopausa precoce, a maior parte das doenças ovarianas que afetam a fertilidade das mulheres o fazem por provocar anovulação – ausência de ciclos reprodutivos com ovulação.
A SOP (síndrome dos ovários policísticos) e a endometriose ovariana, que leva à formação de endometriomas, são as mais comuns, embora motivadas por fatores distintos.
Enquanto a SOP é uma síndrome metabólica, em que alterações na secreção das gonadotrofinas provocam uma redução da capacidade ovulatória, os endometriomas são estrogênio-dependentes e seu crescimento – estimulado por este hormônio – não só paralisa o amadurecimento folicular como pode danificar a reserva ovariana, oferecendo risco de danos permanentes.
A reserva ovariana é um estoque localizado no córtex ovariano de todas as células reprodutivas disponíveis para a vida da mulher, do nascimento à menopausa. Como é impossível produzir novos gametas após o nascimento, esta reserva é limitada – e consumida a cada ciclo reprodutivo.
Por isso, a partir de cerca de 35 anos, a reserva ovariana começa a se mostrar relevantemente diminuída e termina quando a mulher conclui o processo da menopausa.
As tubas uterinas, que conectam os ovários ao útero, têm como principais funções sediar a fecundação, conduzir o óvulo após a ovulação e o embrião ao útero para que a implantação embrionária ocorra.
A infertilidade por fator tubário normalmente é resultado de obstruções nessas estruturas, que impedem o trânsito dos gametas e do embrião, provocadas principalmente por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), DIP (doença inflamatória pélvica), hidrossalpinge e endometriose tubária.
Além da infertilidade, a obstrução tubária também aumenta o risco de gestação ectópica, quando o embrião se fixa fora do útero – normalmente nas tubas uterinas.
O útero é uma das estruturas mais fundamentais para a fertilidade das mulheres, pois é em seu interior que ocorre a implantação embrionária, dando início à gestação, além de todo o processo até o parto.
A infertilidade por fator uterino pode ter origem genética, principalmente malformações anatômicas, como útero septado. Nos casos de útero septado, não há espaço suficiente para o desenvolvimento do bebê, que pode provocar aborto de repetição.
A formação de massas tumorais no útero, especialmente envolvendo o endométrio, também prejudica sua função na fertilidade, como miomas uterinos, principalmente os submucosos, pólipos endometriais e os casos mais severos de adenomiose.
Quando agentes infecciosos como ISTs afetam o útero, por outro lado, podem provocar endometrite e cervicite, prejudicando a receptividade endometrial e oferecendo riscos de contaminar outras estruturas da cavidade pélvica.
Embora as formas masculina e feminina de infertilidade possam ser uma consequência das doenças e condições comentadas anteriormente, em alguns casos, mesmo após a realização dos exames, não é possível encontrar motivos que justifiquem o quadro. Essa condição é denominada ISCA (infertilidade sem causa aparente).
Para esses casos e aqueles em que os tratamentos primários não proporcionam benefícios à fertilidade, as técnicas de reprodução assistida podem ser indicadas. Cada uma tem um grau de complexidade e as principais diferenças entre elas são o local em que acontece a fecundação e o nível de manipulação dos gametas.
Na RSP (relação sexual programada), a fecundação acontece nas tubas uterinas, assim como na IA (inseminação artificial) – embora a IA realize a manipulação do sêmen, com o preparo seminal e a própria inseminação, o que não acontece na RSP.
Na FIV (fertilização in vitro), tanto espermatozoides como óvulos são coletados por procedimentos médicos e a fecundação ocorre em ambiente laboratorial, fora do corpo da mulher, tornando-a mais complexa e, consequentemente, mais bem-sucedida e abrangente.
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Postado por fiv em 24/maio/2021 - Sem Comentários