A endometriose é uma doença altamente frequente em mulheres, sendo diagnosticada em cerca de 15% delas ao longo da vida. Écausada pelo implante de células da camada que reveste o útero, as mesmas que saem pela menstruação, em outros órgãos, como os ovários, as tubas uterinas e o peritônio. Além disso, ela é responsável por sintomas muito comuns em ginecologia:
Por esse motivo, os médicos buscam classificar a doença para verificar se há alguma associação entre suas características, os sintomas, as complicações e a resposta ao tratamento.
No entanto, muitas vezes, nem a paciente nem o médico associa essas manifestações à endometriose. Além disso, os exames de imagem não-invasivos podem não identificar os implantes mesmo eles estando presentes.
Com isso, o diagnóstico pode demorar mais de 7 anos. Então, a mulher passa por diversos tratamentos para infertilidade ou dor crônica sem saber a causa da doença.
Quer entender melhor esse tema? Acompanhe nosso post!
A classificação da endometriose já passou por várias modificações ao longo dos anos. Afinal, uma doença pode ser classificada de diversas formas: os critérios de agrupamento podem variar de acordo com o objetivo e com as perspectivas das especialidades médicas. Por exemplo, atualmente, existe:
As duas últimas são menos utilizadas, pois dependem de a paciente passar pela cirurgia, realizada em uma pequena parcela dos casos. Então, é muito mais comum que você veja seu(sua) médico(a) ginecologista classificar a endometriose em endometrioma, endometriose profunda e endometriose peritoneal superficial.
Os endometriomas são também conhecidos como “cistos chocolates”. Afinal, à medida que o fluxo sanguíneo do endométrio é degradado, ele fica com uma cor marrom, de aspecto achocolatado. Diferentemente da endometriose em outras localidades, existe a formação de uma cápsula ao redor do implante.
Então, em vez de uma lesão invadindo uma estrutura superficial ou profundamente, temos um tumor benigno com conteúdo mais líquido.
Essas características facilitam bastante o diagnóstico dos endometriomas ao ultrassom, ao passo que as outras formas de endometriose podem ser bem difíceis de visualizar. Em uma escala de 0% a 100%, alguns estudos mostraram uma capacidade de:
Esses resultados são muito bons e, por ser um exame não-invasivo de baixo custo, o ultrassom será possivelmente o primeiro a ser pedido pelo(a) médico(a). A ressonância magnética, por sua vez, apresenta uma precisão um pouco maior, porém é um método mais caro e complexo.
Após o diagnóstico, a conduta vai ser individualizada pelas características da lesão, seus objetivos e seus sintomas. Veja algumas formas de tratamento possíveis:
Em endometriomas maiores do que 4 a 5 centímetros de diâmetro, a cirurgia geralmente está indicada em todos os casos para evitar complicações;
Para mulheres que querem engravidar, um dos tratamentos com maior efetividade é a retirada cirúrgica das lesões associada à reprodução assistida;
Se o único objetivo for a resolução da dor, pode-se tratar a doença apenas com medicamentos.
Também conhecidos simplesmente como endometrioseprofunda, é o implante com mais de 4 milímetros de invasão nas estruturas, podendo acometer diversos órgãos, como:
Na ultrassonografia com preparo intestinal, há também excelente margem de detecção das lesões. No entanto, podem não localizar lesões em regiões mais altas desses órgãos e do peritônio. Então, a ressonância magnética pode ser utilizada para complementar a investigação.
A conduta será semelhante às dos endometriomas nos casos de infertilidade. As complicações são mais comuns nos ureteres, na bexiga e em porções estreitas do intestino grosso. Nessas situações, a cirurgia está indicada.
São implantes que se localizam no peritônio, mas não invadem mais do que 4 milímetros da estrutura. No entanto, isso não impacta nos sintomas e nas complicações da condição, que são semelhantes às das outras formas de endometriose.
O diagnóstico, entretanto, pode ser muito mais difícil, visto que as lesões geralmente não aparecem nos exames de imagem.
Dessa forma, o tratamento medicamentoso dos sintomas pode iniciar mesmo que a doença não tenha sido identificada em exames. Em alguns casos, o tratamento cirúrgico melhora o prognóstico de sucesso das gestações da paciente, especialmente quando associado à reprodução assistida.
Nessa situação, o diagnóstico é confirmado durante a cirurgia pela visualização das lesões e posterior análise em microscópio.
Portanto, a classificação da endometriose pode apresentar um impacto significativo sobre o seu diagnóstico e tratamento. A reprodução assistida (métodos, como a preservação dos óvulos e a fertilização in vitro) pode evitar a perda da reserva ovariana devido à evolução da doença ou às complicações cirúrgicas.
Então, é muito interessante que ela faça parte do plano de tratamento de mulheres com queixa de infertilidade. Porém, não se esqueça de que a conduta médica pode variar, pois será individualizada para trazer melhores chances de recuperação e de conquista dos seus objetivos.
Quer saber mais sobre a endometriose, seu impacto na infertilidade feminina e o tratamento nesses casos? Não deixe de ler este nosso outro texto sobre o tema!
Postado por fiv em 14/jul/2021 - Sem Comentários