Os epidídimos são órgãos do sistema reprodutor masculino que ficam na parte posterior e superior dos testículos, fazendo comunicação com os ductos deferentes. A função dos epidídimos é armazenar os espermatozoides enquanto estes passam por processo de amadurecimento, antes de serem conduzidos até o líquido seminal para a ejaculação. Quando esses órgãos são acometidos por uma infecção, dá-se o nome de epididimite.
Infecções nos epidídimos podem facilmente invadir os testículos, causando um quadro de orquiepididimite. Isso tende a prejudicar a produção de testosterona e de espermatozoides. Mesmo que a epididimite não progrida para uma inflamação testicular, a fertilidade masculina pode ocorrer devido a falhas na maturação dos gametas ou formação de obstruções nos epidídimos.
A epididimite é a causa mais frequente de dor intraescrotal aguda, mas deve ser bem investigada a fim de descartar outras condições com sintomas similares, como: orquite; trauma escrotal; torção testicular; infecção do trato urinário; entre outras.
A epididimite é principalmente causada por bactérias, tanto aquelas presentes em infecções do trato urinário quanto os patógenos das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). O público mais afetado abrange os homens sexualmente ativos, normalmente com idades entre 20 e 40 anos, e os agentes etiológicos mais detectados, nesses casos, são os causadores de clamídia e gonorreia.
Após a idade de maior risco para ISTs, a epididimite pode ser provocada por bactérias comuns do trato gastrointestinal, como a Escherichia coli. Quando o quadro se desenvolve em idosos, pode estar associado a um fluxo retrógrado de urina. Já em pré-púberes, a epididimite pode resultar de traumas ou inflamações provocadas por atividades físicas repetitivas.
Por fim, causas menos comuns de epididimite envolvem agentes virais — como o vírus da caxumba, que afeta primeiramente os testículos — e fatores químicos, como inflamação induzida por drogas, medicamentos etc.
A epididimite pode causar sintomas intensos de dor escrotal e dificuldades urinárias. As apresentações clínicas ainda podem variar conforme os quadros infecciosos coexistentes, sendo comum o diagnóstico de múltiplos processos inflamatórios, principalmente quando causados por ISTs.
Homens com epididimite podem apresentar:
O diagnóstico passa pela avaliação clínica, com o estudo do histórico médico e sexual do paciente, a fim de verificar fatores de risco como infecção anterior do trato urinário, ISTs, traumas e cirurgias escrotais, entre outras informações. O exame físico pode revelar inchaço e sensibilidade no escroto, além de sinais de secreção peniana e evidência de gânglios linfáticos.
A análise de urina ajuda a detectar uma condição infecciosa, assim como o exame do esfregaço uretral é útil para rastrear o patógeno quando houver suspeita de IST. A ultrassonografia avalia tanto a anatomia dos testículos e epidídimos quanto o fluxo vascular de um órgão para o outro, podendo revelar orquiepididimite.
Para avaliação da infertilidade decorrente da epididimite, o espermograma é uma ferramenta de alta relevância, visto que permite a análise do sêmen em nível macroscópico e microscópico. Dessa forma, é possível observar tanto a quantidade de espermatozoides no ejaculado quanto sua motilidade e morfologia.
O tratamento da epididimite é medicamentoso e os fármacos são definidos de acordo com o patógeno identificado. Outras orientações médicas incluem repouso, uso de compressas de gelo para reduzir o edema, bem como de suporte para elevação do escroto.
Assim como outras infecções no trato reprodutivo masculino, o processo inflamatório da epididimite pode ocasionar a formação de cicatrizes que prejudicam a movimentação dos espermatozoides. Se eles não conseguirem chegar aos vasos deferentes, não serão conduzidos para se juntar ao líquido prostático e seminal. Nesses casos, o homem pode ejacular um volume normal de sêmen, mas sem conter os espermatozoides — condição chamada de azoospermia.
Se a infecção dos epidídimos envolver os testículos, também podem ocorrer falhas na produção dos espermatozoides, o que torna o quadro de infertilidade ainda mais grave. Contudo, essas situações podem ser superadas com as técnicas da reprodução assistida.
Para pacientes com infertilidade por fatores masculinos graves, como a azoospermia, recomenda-se a fertilização in vitro (FIV) com recuperação espermática e injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI). Trata-se de um processo complexo que envolve micromanipulação de gametas e controle de etapas da reprodução humana.
O tratamento normalmente começa com a estimulação ovariana para obter um número maior de óvulos maduros do que na ovulação espontânea. O segundo passo da FIV inclui a punção ovariana para coleta dos óvulos, assim como a preparação da amostra de sêmen. No caso dos pacientes com azoospermia, os espermatozoides não são coletados por masturbação, mas retirados dos testículos ou epidídimos por meio de aspiração ou microcirurgia.
Preparados os gametas, ocorre a fertilização com ICSI, que consiste em injetar um espermatozoide diretamente no citoplasma de um óvulo maduro. Os embriões gerados por essa técnica são, então, mantidos em cultivo durante os primeiros dias de divisão celular. O último passo da FIV é a transferência embrionária para o útero da paciente.
Com essa possibilidade, os homens que tiveram sua fertilidade prejudicada pela epididimite, ou por outras doenças infecciosas, também podem se tornar pais biológicos.