Orquite é a inflamação dos testículos, decorrente da infecção por bactérias ou vírus. Os testículos são importantes órgãos do aparelho reprodutor masculino e ficam situados fora do corpo, na bolsa escrotal. As funções testiculares incluem a produção do hormônio testosterona, assim como o processo de espermatogênese (produção de espermatozoides). A doença pode se desenvolver de forma unilateral ou bilateral, oferecendo risco à fertilidade do homem.
A orquite pode se manifestar como uma condição aguda e com sintomas como dor nos testículos, ou pode ser um quadro crônico e assintomático. Nesse último caso, a ausência de manifestações clínicas impede a busca por diagnóstico. Assim, somente durante investigação das causas de infertilidade conjugal é que o homem pode chegar à confirmação de orquite.
Como quadro isolado, a orquite é pouco comum. Com maior frequência, a doença se desenvolve conjuntamente à epididimite, ou infecção nos epidídimos. Estes, por sua vez, são ductos que ficam localizados na borda posterior dos testículos, com a função de armazenar e amadurecer os espermatozoides.
Assim como a orquite e a epididimite, existem vários outros quadros que levam à infertilidade masculina. Isso justifica a investigação completa das condições reprodutivas do casal que lida com a dificuldade de engravidar, não limitando-se somente à avaliação da mulher.
A orquite pode ser provocada pela ação infecciosa de diferentes microrganismos. Em jovens (crianças e adolescentes), o principal causador da orquite isolada é o vírus da caxumba, podendo se desenvolver em 14% a 35% dos pacientes pré-púberes com esse diagnóstico. Infecções por rubéola, varicela e citomegalovírus também são apontadas como causas virais de orquite.
Entre as infecções bacterianas estão os patógenos que acometem mais comumente o trato urinário e a próstata, com potencial para se alastrar até os testículos. Aqui, incluem-se bactérias como Escherichia coli, Streptococcus, Staphylococcus, entre outras.
Os agentes envolvidos em infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) também oferecem risco à saúde de homens com vida sexual ativa. Entre as principais bactérias desse grupo estão as causadoras de clamídia, gonorreia e sífilis, as quais podem acometer primeiramente a uretra e os epidídimos, até chegar nos testículos.
Os fatores de risco para o desenvolvimento da orquite incluem: história de epididimite; prática de relações sexuais sem preservativos; anormalidades anatômicas; uso de cateter por período prolongado; falta de imunização contra caxumba; comprometimento do sistema imunológico.
A doença em estágio crônico pode ser assintomática. Na manifestação aguda da orquite, o paciente pode apresentar:
Grande parte dos pacientes com orquite não fica com sequelas da doença. Contudo, se não houver tratamento, existe o risco de complicações como infertilidade, hipogonadismo, atrofia testicular, hidrocele, orquiepididimite e abscesso escrotal.
O levantamento da história clínica e dos fatores de risco, assim como os achados do exame físico podem orientar a suspeita diagnóstica de orquite. Exames laboratoriais são realizados para descartar quadros de infecção urinária, bem como para identificar possíveis patógenos causadores de ISTs. Já a ultrassonografia da bolsa escrotal com Doppler colorido é importante para excluir o diagnóstico de torção testicular.
O tratamento é voltado para as causas da orquite, o que inclui o uso de antibióticos para anular a ação de bactérias, além de terapias de suporte para os casos em geral, como: repouso, administração de antitérmicos e analgésicos, uso de compressas e de suporte escrotal.
O diagnóstico de orquite não interrompe de forma definitiva a capacidade reprodutiva do homem. No entanto, as possibilidades de superação da infertilidade masculina são maiores se houver um acompanhamento médico especializado.
A orquite pode afetar os níveis de testosterona e prejudicar a produção de espermatozoides. Um exame de espermograma, também chamado de análise seminal, pode identificar alterações na constituição do sêmen como azoospermia (ausência de gametas no esperma). Esse é um fator grave de infertilidade, visto que, se não existem células reprodutivas no líquido ejaculado, logo o homem não tem condições de engravidar sua parceira pelo método natural.
Dentre as técnicas da reprodução assistida, estão os procedimentos de recuperação espermática. São métodos de punção ou microcirurgia que possibilitam a retirada dos espermatozoides dos testículos ou epidídimos. Assim, mesmo que não sejam encontrados no sêmen, os gametas são colhidos dos órgãos masculinos e utilizados em tratamentos de fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).
As taxas de êxito com esse tipo de técnica são altas. A FIV ICSI com recuperação espermática representa um importante avanço na medicina reprodutiva. Diante disso, casais que lidam com a dificuldade de engravidar não precisam perder as esperanças ao receber um diagnóstico de orquite ou de outra condição associada à infertilidade.